"O caminho da Sabedoria é não ter medo de errar."(1)
"Aprender uma coisa significa entrar em contato com um mundo do qual não se tem a menor ideia. É preciso ser humilde para aprender."(2)
Fico impressionada ao me deparar com a quantidade de pessoas “comendo
livros com farinha” e também com a quantidade de informações capazes de
assimilar. O ser humano é fantástico.
Nas reuniões sociais,
adoram citar frases nitidamente inteligentes e às vezes até profundas... Porém,
são frases de outras pessoas, não são criadas por elas ...São
somente palavras, não foram nem vivenciadas e nem sentidas em seu
caminhar. Estas pessoas recebem informação, têm
algum conhecimento, mas...não conseguiram se tornar sábias.
No entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras a vida
inteira. Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva. Não vão dar
alegria para ninguém.
É gratificante ir verificando no decorrer do ano, crianças em diferentes
faixas etárias e a rapidez com que os pequenos se transformam a
cada novo aprendizado. Mudam atitudes, forma de falar, se vestir,
comportamentos e essa mudança é facilmente constatada.
É uma Lei Natural no ser
humano, aprender e mudar. Em se tratando das crianças, nenhuma novidade, quem
tem filhos sabe disso. Eles olham a vida de peito aberto e com entusiasmo! São
pequeninas “esponjas” que absorvem tudo que ensinamos.
As resistências começam quando essa criança vai recebendo todos os tipos
de condicionamentos, através de informações indiscriminadas, onde se fazem
presentes as repressões “adestramentos”, dos pais, da sociedade, da
escola, da religião, da mídia. Formam-se então os ranços e crenças,
tanto mentirosas, como improdutivas, tais como: “sou pobre, mais sou
limpinho, os ricos não são felizes (ou são safados, mentirosos, etc.), sexo é
feio, pau que nasce torto, morre torto, quem não se sacrifica não vence na
vida". Uma infinidade delas. Este assunto é extenso e pode gerar outro
post, mas neste momento do desenvolvimento humano, se instalam os três grandes
"empecilhos" do sucesso na vida humana: a culpa, o medo e a raiva!
Já no ensino dos adultos, a coisa muda muito de figura, conforme
averiguei nesta experiência, uma grande parcela destes alunos, resistia aos
novos paradigmas agarrando-se com unhas e dentes às velhas crenças com as quais
foram condicionados, como se mudar fosse perigoso. Entendo essa
atitude, por que desde pequenos, foi incutida em nosso inconsciente a ideia de
que as coisas devem ser sempre iguais para trazer segurança.
Esses alunos aprenderam a desenhar os símbolos gráficos, porém, não
passaram o que foi aprendido pelo “Fogo da Fornalha”. Até assimilaram o que foi
ensinado, aprenderam e ler e escrever, entenderam a informação, adquiriram o
conhecimento... Mas resistiram vigorosamente a utilizar a luz destes novos
conhecimentos para iluminar suas velhas crenças arraigadas, por anos de valores
falidos, que nunca foram comprovados. Seria comodismo? Ou Puro medo do “castigo
dos céus”? (O famigerado "ranço cristão").
Me resta perguntar a você, que está lendo estas palavras se é capaz de
virar para seu espelho e perguntar para aquela pessoa que está te olhando, até
onde você é resultado de informações não analisadas criteriosamente? Até onde
suas velhas crenças estão introjetadas no seu inconsciente?
Até onde você é influenciado por elas nas suas escolhas? Não acha que seria
importante saber quem é, de verdade, que comanda seus passos? Seria a mídia, a
igreja, instituições falidas, conceitos morais arraigados... Ou seria você
mesmo? Até onde você tem certeza disso? Quando descobrir,
estará finalmente indo ao encontro da Sabedoria.
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Rubem Alves |
No livro "O amor que acende a lua", vejam o que diz Rubem
Alves a este respeito:
Transformação pelo Fogo.
Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando
passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito a vida
inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosa. Só que elas não
percebem e acham que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente,
vem o fogo.
O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: a
dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai, a mãe,
perder o emprego ou ficar pobre. Pode ser fogo de dentro: pânico, medo,
ansiedade, depressão ou sofrimento, cujas causas ignoramos.
Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo! Sem fogo, o sofrimento
diminui. Com isso, a possibilidade da grande transformação também.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro cada vez
mais quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura,
fechada em si mesma, ela não pode imaginar um destino diferente para si. Não
pode imaginar a transformação que está sendo preparada para ela. A pipoca não
imagina aquilo do que ela é capaz.
Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação
acontece: BUM! E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, algo
que ela mesma nunca havia sonhado.
Bom, mas ainda temos o piruá, que é o
milho de pipoca que se recusa a estourar. São como aquelas pessoas que, por
mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir
coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A presunção e o medo
são a dura casca do milho que não estoura.
By Edna Molina
*1 e 2 - Palavras Essenciais, Paulo Coelho.