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16/09/16

Romantismo em Portugal - Fase Ultrarromântica



Características do 2º período do Romantismo em Portugal,

no trecho final do livro Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco.


 

Em Amor de Perdição observa-se o toque do drama, da tragédia e do sentimentalismo, característicos da segunda fase do Romantismo, chamada “Ultrarromântica”.


No começo é possível observar a abnegação e resignação em Mariana: - “... sentada com o rosto sobre os joelhos, parecia sucumbir ao quebranto das trabalhosas e aflitivas horas daquele dia...”, mas ela continuava ali, velando por ele, “entregue à paixão que lhe abrasa o coração”! – veja o drama!

Na postura de Simão, humanização do vento: “... atento a um assobio da ventania: devia de soar-lhe como um ai plangente aquele silvo agudo...”, até o vento estava lamentoso! Ele, desolado, enredado em sua incomensurável tristeza, acaba imputando ao vento seus sentimentos sombrios...

Também surge Atração pela morte e resignação na carta de Teresa: "... É já o meu espírito que te fala Simão... A hora que te escrevo, tu estás para entrar na nau dos degredados, e eu na sepultura...”. Ela tinha tuberculose e consciente de que sua doença era incurável, ela aceita a morte, quase agradecida, por que sua partida para o além tiraria do seu peito a dor pungente pela ausência do seu amado.

Linguagem oral do diálogo: “... Quem te diria que eu morri, se não fosse eu mesma, Simão...”? Ela pergunta, como se Simão estivesse a ouvi-la e pudesse responder... talvez num sussurro dos ventos...

escapismo e a fantasia surgem aqui“... A vida era bela... Estou vendo a casinha que tu descrevias...cercada de árvores, flores e aves...Estrelava-se o céu, e a Lua abrilhantava a água...”.

Camilo Castelo Branco foi o principal autor romancista de Portugal, teve uma vida sofrida e trágica o que é refletido em sua obra.



Ele escreveu também:

"Anátema (1851)

Livro negro de Padre Dinis (1855)

Onde está a felicidade? (1856)

Carlota Ângela (1858)

Amor de perdição (1862)

Coração, cabeça e estômago (1862)

Amor de salvação (1864)

Memórias de Guilherme do Amaral (1865)

A queda dum anjo (1866)

A doida do Candal (1867)

Novelas do Minho (1875-1877, 2 volumes)

Eusébio Macário (1879)"


Análise por: Edna Molina 


Referências:

"Romantismo em Portugal" em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/o-romantismo-portugal.htm

Apostila da Universidade Cruzeiro do Sul – Unidade II – Literatura Portuguesa – Prosa

https://pt.wikipedia.org/wiki/Camilo_Castelo_Branco

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ultrarromantismo#Caracter.C3.ADsticas_gerais

Acesso em 14/09/2016 - Texto base disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua00063a.pdf

 

Mini Biografia do Autor

Camilo Castelo Branco foi um dos maiores escritores portugueses do século XIX. Considerado o expoente do romantismo em Portugal.

O escritor nasceu em 1825, em Lisboa. Ficou órfão de mãe e pai muito jovem e foi criado por uma tia, em Vila Real. Estudou na Escola Médica do Porto e, mais tarde, em Direito.

Camilo tinha uma personalidade irrequieta e inconstante e esteve envolvido em polêmicas durante toda a sua vida. A sua vida pessoal foi muito tumultuada. Casou aos 16 anos e as suas ligações amorosas eram motivo de escândalo para a moral vigente.

O relacionamento mais marcante foi o que teve com Ana Plácido, também escritora. Esta relação levou os dois à prisão. Camilo foi acusado de “cópula com mulher casada”, já que Ana era casada com um rico comerciante brasileiro que aqui vivia. Foi na cadeia que, em menos de 15 dias, Camilo Castelo Branco escreveu o clássico “Amor de Perdição”, no ano de 1861.

Ao fim de um ano de prisão, Camilo e Ana Plácido são absolvidos dos crimes que tinham sido condenados (curiosamente pelo Juiz José Maria de Almeida Teixeira de Queiroz, pai do então muito pequeno, Eça de Queiroz.

Entre 1862 e 1863, Camilo publica onze novelas e romances, atingindo uma notoriedade dificilmente igualável. Tornou-se o primeiro escritor profissional em Portugal. Em toda a sua vida, produziu mais de 250 obras, com média superior a 6 livros por ano.

A partir de 1865 começou a sofrer de uma progressiva cegueira. A morte do filho e as dívidas, somadas à cegueira foram motivos do seu suicídio, com um tiro de revólver, aos 65 anos, em Famalicão.

 

Curiosidades

Em 2012, um exemplar da 1ª edição de “Amor de Perdição” foi vendida por 2.300 euros.

 

Traduções e adaptações

Após a sua publicação, o Amor de Perdição depressa se tornou na obra mais conhecida do autor. Foi traduzida para o espanhol, italiano, alemão, russo, norueguês, inglês, mandarim, dentre outras.

Amor de Perdição foi adaptado seis vezes para cinema e uma vez para o teatro. Também serviu de inspiração para novela, na televisão brasileira (TV Cultura).

A presente obra encontra-se sob domínio público ao abrigo do art.º 38 do Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos (70 anos após a morte do autor). Você pode acessá-la aqui.

Fonte: https://viverbemportugal.com.br/amor-de-perdicao-de-camilo-castelo-branco/