Cheguei à conclusão inequívoca de que os meus olhos são infantis, ingênuos e despudorados.
O meu olhar é atraído para tudo que é colorido. Cor
e alegria são um constante quando estou distraída e minha Alma fala.
Hoje, resolvi falar do meu olhar, por que ele é atraído
para a expressão dos olhos das crianças, gatos, passarinhos, e procura
encontrar neles a transmissão do que sentem naquele momento. Então meu olhar
chora quando vê sofrimento, mas na maioria das vezes, tem o prazer de se
alegrar junto com eles.
Meu olhar, ele vê um pouco através das cores do
hibisco que insiste em brotar na minha janela, apesar de tantos maus tratos.
Insiste em procurar neste pé de hibisco, o que o faz mover-se em direção ao
sol, abrir suas pétalas, mesmo que praticamente todo mundo passe todo dia por
ele, sem vê-lo. Olham, mas não o veem.
Pela manhã, o meu olhar fica ansioso, me esperando
abrir a janela, para cumprimentar o dia, as montanhas e seus milhões de folhas,
o sol que, olhem (e vejam) só: nasceu outra vez!
Meu olhar criterioso percorre minuciosamente cada
folha que balança ao vento, das poucas árvores (que pena), ao lado do
estacionamento, para verificar se os Senhores dos Ventos estão presentes, em
que intensidade e direção. Se for uma brisa, cumprimenta, se são ventos fortes,
respeita.
Ao por do sol, quando pode contemplar, meu olhar se
rejubila e fica descansando a vista no horizonte... Que maravilha, que céu, que
cores!
Eu agradeço ao Universo, ter me dado um olhar que
não é perverso, que prefere ver o lado bom, deixando para os ouvidos e outros
sentidos, as agruras do mundo, por que infelizmente, os ouvidos e muitos outros
sentidos, não podem evitar como meu olhar. Não podem escolher o que olhar ou
simplesmente se fechar.
Claro que existem os que preferem olhar e "ver" apenas as
ruínas da vida humana... Mas felizmente, o sol, jamais poderá ser
ofuscado. Posso ver seu brilho intenso e agradeço.
Por isso, meu olhar, eu te peço, continue
abençoado, como o sol e a vida exuberante que você consegue despudoradamente,
me mostrar!
Autora: Edna Molina